O 10º encontro desta trajetória aconteceu. Achei que pularíamos um dos textos propostos ou juntaríamos dois, pois o encontro anterior foi a abertura do Seminário de Dramaturgia, já postado aqui, logo em baixo deste.
Tratemos da pele política que reveste o teatro. Digo pele porque ele nem sempre está nu e sua pele nem sempre é vista, mas sempre está (esteve e estará) lá. Aparente ou descarado, ou não, consciente, ou não, para quem faz e assiste, é isso que o teatro sempre será: um ato político. Mesmo que não seja engajado, panfletário, que o tema não tenha nada de cunho econômico-social, mesmo que não tenha drama.
Político por ser uma convocação pública, um chamado a todos que estejam dispostos a ir, ou que podem ir. Sim, porque ainda assim, a maioria das convocações é para quem pode pagar. Daí, o teatro de rua estar bem mais desnudo, ao menos com essa parte da pele mais exposta, a parte que permite que todos e qualquer, com vontade, parem pra ver.
Mas há sempre a necessidade da troca, da participação de quem lá estiver presente. Nesse sentido, se todos participam, mesmo que uns falem mais que outros, apareçam mais que outros, o que ocorre é uma reunião, uma assembléia pública, disponibilizada e selecionada pelo assunto. Nesta, todos se veem, se cumprimentam, compartilham o assunto, acatam ou não a opnião posta, discutem e comentam no final. Um chamado ao encontro com outros para tratar determinado enredo. Desta forma, o que ocorre é um saber-se coletivo, um partilhar daquele interesse comum.
Quem será realmente visto nesta assembléia será o elenco, os eleitos, que dominarão o discurso e o desenrolar do tema, pessoas preparadas para cumprir aquela tarefa com gestos, falas, posturas e movimentos adequados e pré-organizados. Naquele momento, representantes de que assiste ante ao enredo que se desenrola.

Bem, a Kátia apresentou bem do jeito dela, com um olhar bastante específico sobre o tema (texto proposto: A exibição das palavras - uma idéia (política) do teatro, de Denis Guénoum). Achei mais interessante expor a própria visão do texto que tentar demonstrar domínio sobre. A Carol Domingues comentou e foi bem direta, colocando exemplos da sua própria trajetória, o que também achei legal, já que tratamos, aqui, de trajetórias.
Seguiu-se o debate, com os mesmos (grilos) falantes de sempre, variando uma ou outra pessoa. Questiono se é falta de leitura do texto proposto (pode ser, pois não gera conexões), ou falta de compreensão do texto (o que não isentaria a participação, pois mesmo o não entendimento gera questões e opniões), ou falta-lhes vivência (pode ser também, mas o debate é um espaço de experienciação, logo a inexperiência pode também ser um instigante), ou será timidez (mas é preciso, então, compreender o espaço que estamos estabelecendo de uma convivência de, pelo menos, 4 anos. E que - sonho romântico - nos formamos também com o conhecimento e experiências dos colegas de turma, não apenas dos professores)?
A Wlad expôs os ajustes no calendário dos nossos futuros encontros (o Seminário de Dramaturgia não estava previsto no nosso caminho) e marcou para um sábado (19/06) a apresentação da elaboração individual do Eu-mundo - resultado cênico de agregamentos sensoriais e intelectuais desta trajetória. Determinou bases para a criação cênica: Um espaço circular, cujo diâmetro teará o tamanho de braços abertos, que poderá ser delimitado por um circulo no chão, paredes, teto, um desses. Cada um deverá mostrar o sua "dança cotidiana" (percurso elaborado num dos trabalhos em sala de aula), poderá usar um objeto luminoso, ou um sonoro, e até três adereços. O figurino será, no mínimo, a roupa que mais gosta (proposta de outro exercício de sala). Solicitou para o próximo encontro um roteiro-objeto, que baseará a criação cênica. Uma obra plástica, composta de partes que representam as cenas que serão desenvolvidas.
Seguimos para o exercício. Eu, que não me fazia presente há uns 3 encontros, motivos colocados nas postagens anteriores, fui convidado a começar algo que a maioria já havia feito: A cadeira vazia. Aquela conversa com alguém que não está presente ali, mas que "está" ali. Foi difícil fugir da cena e fazer uma conversa mesmo, sentí-la, sentir a pessoa presente. Fui e misturei, sem querer, ao conversar com meu irmão, as figuras masculinas da minha família com mais significado para mim: ele mesmo (o meu irmão), meu pai e meu avô paterno. Um papo sereno, coberto de sensações profundas e líricas.
Outros foram depois, mas me tocou profundamente a Adhara conversando com o seu pai. Muitos motivos me fizeram ser tocado por isso, o mais forte é que sou pai de filhas.
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