Depois de discutirmos tanta tecnologia ligada as novas formas do fazer teatral, ou de como as tecnologias vão se inserido ao teatro e de como o teatro vai se apropriando delas; depois de tratarmos do ator atento à contemporaneidade, aos multiplos estímulos da era mundializada e da virtualidade; depois de vermos quantos o ator pode ser, ou quantas possibilidades de atuação ele pode lançar mão; depois disso e de ver o quanto nós realmente estamos diante de um esmero oculto à compreensão dos nossos sentidos, ficamos diante de tratar da "Canalização". Assunto que nos remete ao espiritualismo, ao movimento da "Nova Era" e também à canalices e charlatanismos. Mas não é disso que trataremos aqui.
Aqui eu falo de conexões e de disponibilidade. Acredito demais nas dimensões que correm paralelas a esta que estamos inseridos. Planos e sobre-planos e sub-planos, órbitas de energias que passam por nós, nos tocam e nos atravessam, por vezes, agem através de nós e nós através delas. Energias, sutilezas, dados, o que for, algo nos conecta, não apenas um com o outro, mas com objetos, outros seres vivos, antepassados. Mas nem sempre estamos atentos, nem sempre estamos disponíveis e a grande maioria das pessoas nem acredita nisso, portanto, nem sempre estamos abertos a isso. Mas somos canal para isso, quer dizer, podemos ser. Podemos ser um meio, um médium, uma mídia, depende de como tratamos o assunto.
Poderia falar disso ocorrendo em momentos cotidianos, em casa, na aula, na rua, mas não é o caso aqui. Aqui tratamos do fazer teatral. Nas salas de ensaio, somos arrebatados por manifestações novas a cada momento de entrega ao processo de criação. Quanto maior a intrega, tanto será o arrebatamento. No Palco não é diferente quando o aquecimento foi eficiente e o jogo está ativado. Da atenção, que podemos chamar de "escuta do todo", a recepção dessa comunicação invisível é parte, sim, crença, mas talvez funcione apenas como instrumental do ator com presença cênica, disposto ao jogo e com a atenção distribuída. Talvez vire técnica e a comunicação ocorra.
A utuilização consciente é que torna o ator um canal. No dia a dia, talvez a consciencia não seja necessária e talvez nem no ensaio, para o ator. No palco, torna a atuação mais pulsante, puxa a platéia pra dentro, unifica a obra.
Uma amiga, Veronica Gerchman, da Cia Truks, quando é arrebatada por uma ação inesperada do boneco que ela manipula com mais duas pessoas, diz: "Passou um anjo!"
Não descarto, claro, a hipótese de ser maluco, seria ingenuidade se o fizesse, e se não fosse, não brigava diariamente pela sobrevivência fazendo teatro.
Walace apresentou o tema e a Deliane Lima comentou. Pareciam nervosos, mas foram eficientes o suficiente pra instigar o debate que se seguiu.
O dever a seguir foi apresentar o roteiro-objeto para quem não tinha feito ainda e, para quem quisesse, começar a trabalhar a sua encenação do Eu-mundo. Eu não tinha apresentado ainda e o que levei não estava completo. Não tenho imagens do que fiz. Nesse momento o meu roteiro-objeto já está completo, mas está com a Wlad. Porém o roteiro escrito, que baseou o objeto já está postado aqui, na página Eu-mundo.
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