domingo, 28 de março de 2010

Sedimentar a Expectativa (Trajetórias do Ser - 1º Encontro)

Sala quase repleta de todos que matariam finalmente a minha curiosidade de quem seriam os calouros da segunda turma de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Pará. Disse "quase repleta" porque, finalmente, mais ou menos um hora depois da aula ter iniciado, quando sedimentou a expectativa de que ninguém mais chegaria, ainda faltavam 03 pessoas. Duas, das quais, eram calouros, uma eu já sabia quem era...
Esse não seria só o primeiro encontro da disciplina Trajetorias do Ser, ministrada pela Wlad Lima. Não. Seria a primeira aula desta turma. A expectativa era encontrar a turma que, no meu sonho romântico, seguirá em companhia até o fim, no curso deste curso. Bem, não foi hoje, mas foi. Foi única e especial essa volta à universidade. Como se estivesse em um ar já conhecido, mas renovador e promissor.
Sigamos!

1° encontro.
Quando a turma foi convidada a entrar na sala 5 da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará - ETDUFPA - sala que parece um laboratório de cena teatral, uma caixa preta, com equipamento de luz em varas no teto e equipamento básico de sonorização, piso de tábuas corridas, como em um palco - as cadeiras estavam colocadas como uma platéia à italiana ou como uma sala de aula. A primeira dinamica proposta impulsivamente pela Wlad foi que todos deixassem seus pertences em um canto da sala, pegassem apenas o que fosse indispensável, desligassem seus celulares, pegassem uma cadeira e formassem um círculo para continuar.
Feito, a Wlad começou explicando a trajetória da disciplina após distribuir uma apostila constando um esquemão do curso. Foi um tempo nisso.

Pesquei algumas palavras, que ficaram como uma nuvem de tags: Diversidade, pluralidade, multiplicidade, especificidade. E frases referentes a essas palavras, tipo: Isso é o que há! é o que os diretores encontram nos elencos!! A cena é o objeto de estudo!

Também achei que, ao falar do seu próprio curriculo, a Wlad estava propondo que todos fizessem o seu, ou pelo menos algo parecido. Sugeriu que, além das atividades, itens comuns em um curriculo, se colocasse algo específico sobre a sua área de trabalho, foco da sua atuação e o que está fazendo agora. Vou olhar o meu e aproveitar para atualizá-lo, quem sabe, postar aqui.

Pelo que entendi, todas as aulas/encontros terão um esquema básico, comum a todas, que estava na dita apostila (estranhei esse nome "apostila")

Um dos pontos desse esquema comum as aulas/encontros será um exercício, ao qual, do meu entendimento, atribuo um caráter de experimentação cênica, algo como uma dinâmica de grupo (usando um sentido mais raso do termo). O deste encontro foi o seguinte: Uma cadeira posta em um dos pontos da roda, como um lugar vazio, seria o palco onde todos deveriam ir para dizer de si e dizer o que sabia sobre teatro. O foco da atividade foi: Me por em cena. Todos deveriam passar pelo "palco". Todos passaram.
Na ordem de idas ao palcadeira, com algumas citações que piscaram pra mim e com alguns comentários (quando apareceram): Renan (disputou o desvirginamento da cadeira com o Icaro e colocou-a no meio da roda); Icaro (trajetória para chegar no curso, reprovação no vestibular, aceitação na turma passada); Carmen (cria do curro); Adhara (17 anos, fazendo teatro no colégio, preocupada em não ser só um grupo de colégio); Kátia (gosto de ser platéia); Caroline (UNIPOP, sei o que aprendi com a Marluce Oliveira); Romário (artes visuais); Eu (trabalho sobrevivência); Rafael (aparente revolta por não viver de teatro. Tem que fazer e acabar o que fez); Leandro (sou satanás. ...se Deus quiser); Walace (cenografia); Ivis (bacharel em biologia, Administração, psicopata, disturbio de atenção); Maira (teatro como terapia); Devison (confuso); Maurício (se não fosse o teatro estaria em má companhia); Felipe (de Cametá. Nunca fez teatro, só viu teatro na semana do calouro); Kayo (meio tímido); Ramon (faço as coisas me entregando para os impulsos. Quero ser minha vitrine); Patrik (Letras/Alemão. Sempre vi as artes me rodeando. Muita coisa do teatro faz parte do cotidiano. Teatro é vida); Patrícia (amo meu nome. Estou com medo de vocês. Católica. Ps.: falou por uns 15 minutos. Segurou todos, ficou totalmente à vontade na cadeira/palco, só falou da sua vida. Ficamos intimos dela); Regiane (grupo cênico do Curro velho); Jean Lion (Gracinha com o seu dedo do pé defeituoso para ganhar a platéia. Foi genérico); Silvano (trabalho com geografia. Teatro é uma mistura, uma trama. Saiam trabalhadores da educação); Markson (trabalhador de teatro. Letras/Alemão); Rose (Prazer em estar aqui).
Foi longo, mas o panorama das palavras da nuvem de tags, que citei acima, estava exposto.

Seguimos para outro ponto do esquema recorrente: Seminários. Teremos 12 seminários, nos próximos 12 encontros. Cada um terá um tema/texto. Cada um terá um Expositor, que apresentará o tema/texto do dia, um Comentador, que comentará o tema/texto do dia relacionando-o à atividade teatral da cidade, todos os outros serão debatedores. As datas e as funções foram sorteadas, acho que os temas já estão programados por datas, mas ainda não temos o caderno com eles.
O plano ficou assim:
Plano de Seminários para Trajetórias do Ser - 01º sem.2010

(data Expositor/Comentador)
29/mar Silvano/Patrícia
05/abr Rose/Ivis
12/abr Laion/Regiane
19/abr Carmem/João Guilherme
26/abr Renan/Adhara
03/mai Maurício/Ramon
10/mai Kayo/Rafael
17/mai Devisson/Felipe
24/mai Kátia/Caroline
31/mai Maira/Icaro
07/jun Walace/Deliane
14/jun Leandro/Paulo

Seguimos no esquema. Todo exercício que será proposto pela Wlad terá um momento para ser desdobrado. Qualquer um pode propor esse desdobramento, que pode ser desdobrado e desdobrado...até ficar interessante ao experimento cênico. Isso vai nos colocar sempre, além de participante ativo, como um observador atento. Ou seja, voltando aos tags, mutiplicidade. Afinal, qual teatreiro nessa cidade não faz mais de uma coisa ao mesmo tempo?
O desdobramento hoje foi só um exemplo do que pode acontecer. Wlad propôs que 4 pessoas fossem até o centro e achasse a sua posição cotidiana de sono. Essa seria a posição 0. E, de pés, encontrassem uma posição de total desequilíbrio. Essa seria a posição 1. Da 0 até a 1, cada um deles deveria ir falando uma frase da sua apresentação no palcadeira que tenha lhe marcado.
Mais desdobramentos: alterar a forma de falar a frase enquanto emprega os movimentos, brincar com as palavras, acentuar alguma ou mesmo modificar. Falar as duas frases. etc.

A ultima parte do esquema, que será um bate-papo, algo que sugere a necessidade dos artistas irem para bares falar com os seus pares após os ensaios, montagens e eparesentações (sugestão da Wlad, que eu sei muito bem o que é), foi corrida. O tempo já tinha acabado. Temo que isso possa acontecer sempre. Mas vamos ver... Bem, foi meio polêmico, devido a opniões divergentes (ainda bem) e assim, vamos nos posicionando.

Incrível que dinâmica em sala de aula não tem haver com movimento físico. Praticamente ficamos o encontro todo sentados em nossas cadeiras, mas, eu, pelo menos, não consegui ficar quieto. O cérebro estava em alta frequencia. Não teve bar para depois, mas ainda bem que tinha um aniversário com amigos, pena que não tinha nenhum colega de sala para seguirmos falando.

Valeu!!