segunda-feira, 17 de maio de 2010

Objeto como sujeito (6º Encontro - Trajetórias do Ser)

Foi a idéia de uma luz viva que me chamou. A luz da lâmpada, da lâmpada à óleo. Ela tem vida por uma relação direta e permanente com determinado sujeito, com determinada pessoa, por acompanhá-lo pelos cômodos da casa. Mas também por ter movimento, por alterar o ambiente, por consumir oxigênio, por precisar ser alimentada para existir. Muito diferente da luz da lâmpada elétrica, que é do ambiente, não do sujeito.
Mas mudando da luz para a lâmpada, ou atribuindo-lhe a propriedade da luz, a posse dela, afinal é ao objeto que o apego vai se constituir, ainda que seja a sua luz o apelo afetivo. Podemos, então, compará-la (a lâmpada) a qualquer objeto. Por acompanhar e ser importante para tal pessoa, o objeto ganha contornos de uma companhia, vira íntimo. A cadeira, o travesseiro, o porta documentos, a bolsa, os óculos, a pulseira, o bicho de pelúcia. Importante porque tem valores agregados, não apenas materiais, mas camadas visíveis apenas para quem de direito. Estratos de afetos e memórias, claro, obscuros ao olhar leigo do estranho.Talvez o tempo de "vida" do objeto valoroso o qualifique ainda mais, vestindo-o de relíquia para além do seu próprio dono.
A coisice, a objetice, a utensilidade, talvez palavras semelhantes - não sinônimas, não acho que sinônimos existem, elas são individuais como as pessoas. Em determinado momento uma pessoa pode se parecer com outra, servir para exemplificar ou comparar a outra, pode até, com treino, significar a outra, mas nunca será ou dirá o que a outra é ou diz. Objetos também são individuais se têm relação com a pessoa, mesmo os feito em série - algumas inventadas para dizer que a utilidade vai além do seu uso, vai ao nível da personificação. Ou, para designar o quê do objeto pode compor o/um sujeto. Ou, se tal objeto fosse um sujeito que traços de personalidade lhe seria atribuído, que comportamento ele teria, qual seu cotidiano. Ou para determinar o quanto de subjetividade foi-lhe atribuido pelo seu uso. Ana Maria Amaral, pensadora do teatro de formas animadas, se utiliza disso para trabalhar a animação de objetos em cena aplicando-lhes os seus atributos como traços da sua personalidade.
Renan usou uma apresentação do power point para expor o tema. Achei que foi mera reprodução do texto, com a composição de uma sequência de slides com imagens de fundo que por vezes atraplharam o que deveria ser a atenção da lâmina. Adhara, não foi direto ao assunto, contextualizou angustias próprias para mostrar objetos de um espetáculo que havia participado, levando-me na memória aos objetos das cenas que eu mesmo estive em espetáculos bem pautados em objetos, como as malas, flores, cartas, aquários, guarda-chuvas das obras da Cia Atores Contemporâneos.
Para seguir, fomos ao ponto das atividades que visam desdobrametos. A de hoje foi um desdobramento da atividade do encontro anterior. Foi proposto apenas que as pessoas contasem, em suas duplas/casais (no meu caso, um trio), causos acontecidos na família que tenham uma caráter fantástico, no sentido do oculto, do sobrenatural. Ives/Laion, Devison/Patrícia, Felipe/Kátia foram os que depois foram convocados pela Wlad para contarem seus causos para todos. Por fim, cada um dos que assistiram apontou os trechos/imagens de cada história que mais lhe chamou atenção.
Não deu tempo de um bom bate papo.

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