domingo, 18 de abril de 2010

Holocausto dos Sentidos (Trajetórias do Ser - 4º Encontro)


Escuridão (para olhar somente para) e holocausto estavam postos para o entendimento forçado da crise das sensações de quem quer que estivesse ali, querendo ou não ver, disposto a entender por quê daquilo. Isso é a anestesia ou uma marretada na cabeça? Talvez uma legenda passando embaixo (ou em cima, bem no meio daquelas imagens, ocupando a tela toda, para não precisar ver o de trás) fosse o instrumento básico à compreensão da necessidade daquilo. Talvez, quem sabe, numa radicalidade císmica e abissal, fosse ainda adequado, junto com o que se via na tela, alcançar os nossos sistemas sensórios com, sei lá, algo como carne crua semi estragada para aguçar nossos olfatos nauseantes, ou um camburão de gás com a válvula aberta, enquanto uma sopa rala de batata fosse servida sem sal, vez em quando uma sirêne soasse seguida de sons de disparo de tiros. É, talvez entendesse mais o sentido do holocausto naquele momento para o assunto em pauta.
(Ativar e misturar nossos sentidos é papo para a próxima aula).
É crítico mesmo esse nosso estado de permanente urbanidade, programado, inserido no cotidiano forçadamente sem o nos dar conta, sem atendermos a natureza das sensações. Algo como isso aí ao lado: um monitor dos sentidos, capaz de relacionar os 5 em atividades pré-programadas, talvez o futuro do áudio-visual, o audio-visual-olfatogustativo-tátil. (caí no tema da próxima de novo), tudo sintético.
A síntese das sensações de se relacioar com o meio na velocidade da compressão temporal das sobrevivências contemporâneas, para além de sentido em qualquer narrativa cotidiana. Estamos, então, em estado de sonho, tentando reencantar a existência ao sumo das tecnologias ? Ainda acho isso mera suposição até que o ser urbano perceba mesmo à sua volta.
Essa missão, de resgate cinematográfico (ou teatral) do que resta de "eu sensível" em cada humanidade citadina, pode ser árdua tarefa para as artes teatrais, capazes de aguçar e reverberar memórias sensoriais, em todas as combinações e ordens que os sentidos podem se colocar, mas há de ser frutífera, ainda que o aplauso no final seja escasso.
Pós apresentação do Laion e do Romário, não houve comentários. As comentadoras não foram. Mas o debate foi. Não foi por todos. A Wlad insiste que o debate rola sempre entre os mesmos porque são só os mesmos que lêem sempre o texto/tema do dia. Talvez sim, mas, sinto muito, eu estou lá pra isso e vou seguir assim. O problema é que as diversidades e multiplicidades desaparecem e só os mesmos pontos de vistas e referências são trazidos à mesa.
Como ainda não saí da minha fase de chato perguntador insistente, tive que saber qual a intenção daquele vídeo na exposição do tema. Mesmo com ajuda dos universitários o propósito posto não convenceu meu mínimo eu, mas vou seguir me esforçando para uma leitura adequada daquele quadro educativo. Estamos numa graduação para licenciatura, não é? Aquilo foi um material didático e eu tenho que tentar entender para que serviu, sem ter tido, no entanto, uma razão que o mantenha. (Holocausto dos sentidos? seria essa a leitura?)
O trabalho da noite foi um desdobramento do trabalho da semana passada. Escolhas de pares para realizar uma composição das ações criadas na semana anterior, com a inserção de abraços (os mais preferidos por cada ser do casal formado) no meio das apresentações do cotidiano antes do sono estilizado. Não mensionei na postagem anterior que precisavamos levar uma roupa preferida para realizar a cena.
Componho um casal triplo. Estou com o Rafael e a Maira. Eu e o Rafael levamos camisetas iguais. Acabou compondo o figurino. Ficamos na proposta da composição da cena, mas não concluímos. Temos que apresentar na próxima, para isso, planejar um ensaio antes....até agora não conseguimos esse momento.
Meu temor, nesse encontro, o 4º, caiu por palco à baixo, conseguimos um tempo grande de bate papo no final. É mesmo necessário.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Se Não For, Quem Será? (Trajetórias do Ser - 3º encontro)

Não sei ao certo a distância, o tamanho, o percurso, a voz, o nome. Se tinha som, não memoro. Se causa ou efeito, esse eu não vi. Foi pontual? Desconfio! Quem foi, foi, viu, ouviu, não sei quem eram. Eu falei e alguns também. Mas não ouvi a voz de quem deveria de primeiro. De segundo, sim. De terceiro, foi bacana. O quarto, ich,nem se fala! Parece que o pique foi pegando pelo rumo da prosa, mas não acho que tolhimentos sejam apreciados, nem imposições. Se há regras, há de se seguí-las ou quebrá-las. Questioná-las, não na hora. E se conheço mais que tu e tu mais que eu, então que falemos sobre, desde que sigamos o enredo do dia. Meu temor é que o tempo não jorre!!

A cena foi da Rose. Ela pôs suas memórias pra quase não chegar a tempo ao telefone. Mas a apresentação do tema foi fora do tempo, rançou a minha memória. Não conectou, porém, ao comentário seguido do Ives. Esse e o outro foram meros ilustrativos e quase repetitivos ao que já estava escrito e, dessa vez, lido por mim.
Sem conexão mesmo foi o debate, meio sem ritmo, sem cor, quase uma memória velha.
Mas ficou, da Iracema Vôa e do PRC5 (eu citei o 80 Já Era), exemplos do Ives, na minha cabeça, já meio embaralhada, que a obra artística (teatro no nosso caso) que lida com a matéria da memória, para o tempo ou imprime um tempo subjetivo.

Patrick tratou do tema da memória como espaço territorial subjetivo. Assim eu entendi o lido e o falado. Markson trouxe a lembrança do grupo Nós de Teatro forjada em cena como um retrospecto de imagens em outro (con)texto.

O que se seguiu, driblou as possibilidades inexistentes de uma compreensão única do texto/tema proposto. Ótimo! Não somos mesmo diversos e mutiplos? Não é o teatro, como expressão artística, um meio e um fim aos diversos conhecimentos? Pergunto ao meu caro notável clown: se não for o Silvano a trazer aos nossos debates o conhecimento da geografia, quem o fará com propriedade? Se não fores tu a trazer a velha e a nova filosofia (que aliás já fazes), quem será esse? Ou então, não nos servirão em sala de aula, em plenos debates, os conhecimentos católicos da Patrícia, os sobre o Espiritismo, do Renan, a vivência da Katia, os meus, sobre teatro com bonecos, os de jornalismo, que a Deli e, posteriormente, a Adhara possam nos trazer, e os escritos do Ramon, a multiface artística da Rose e etc..etc...
Eu acredito que até a caveira, nossa colega de auditório, se estiver de acordo com o tema do debate, lido o texto proposto, se inteirado do assunto, pode e deve participar com a bagagem que já tem.

Comprimimos o tempo e reduzimos totalmente o espaço, na experiência do dia proposta pela Wlad. Nada mais catalizador de idéias. Num mínimo espaço, com gestos pequenos e movimentos quase reais, reproduzimos coletivamente, mas individualmente, o momento, depois da aula, entre botar a chave na porta de casa e deitar para dormir. Ao deitar (na reprodução), sentava-se. Até o ultimo sentar foi possível observar alguns ainda em plena atuação.
Foi ir a outros tempos e espaços.
Desdobramentos: 1-Aumentar a dimensão dos gestos. 2-Aumentar a utilização do espaço. 3-tudo, gestos e espaços, mera significação, um engano a quem vê.
Para casa: trazer e apresentar individualmente, o ultimo desdobramento, calçado de uma música que ninguém saberá qual é.

O bom e velho papo, a conversa do fim do dia, não está vingando. Só há tempo para o necessário. Mas isso é tema do próximo encontro.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Quê Não Li? (Trajetórias do ser - 2º Encontro)

Bem...resistindo à essa escrita...

A sala, a 5, estava arrumada para uma aula. Cadeiras de um lado, logo à entrada, com alguns alunos já sentados, e do outro, computador, telão, projetor, apresentador. Silvano! Ah, sim! Era o 1º seminário da série, o Silvano iria apresentar e a Patrícia comentar.
Não, não que tivesse esquecido, apenas não consegui o texto à tempo e, claro, não li. Declarei isso na entrada. Quando percebi que não deveria ter declarado, já no debate, após a apresentação e o comentário, era tarde, já era a sentença, declarada em palavras amenas, de que não serve para o debate o entendimento da apresentação se não tiver lido o texto. Ainda que diga, ainda que lembre, ainda que associe, sem a base proposta como orientação não há contribuição consistente. Nada de impressões pessoais, experiências vividas, saberes adqiridos, sem o texto lido. OK!! Calei-me!! Não compreendi, mas entendi o posicionamento e calei!! Talvez, da próxima, não declare o ocorrido, para não me calar, não voltei à universidade para ficar calado.
O Texto que não li (agora eu já li) era um livro, á semelhança dos antigos da série Primeiros Passos, pequeno e rápido, com o nome de Narrativas Enviesadas, de Kátia Canton, acho que da Brasiliense. Narrativas Enviesadas, o tema, perdurou o resto da semana, e mais seis meses, entre os assuntos da turma. Do lanche à aula de psicologia, do boteco da quarta ao ovo da páscoa, tudo pareceu, depois deste encontro, meio rompido da sua estrutura narrativa, imageticamente meio enviesado. Em algum lugar tinha alguma coisa meio fora do lugar compondo uma comunicação, proposital ou não.
O texto, já na apresentação, e, depois, na leitura, lembrou-me as investidas do teatro pós grandes guerras mundiais na seara do teatro de bonecos. Num período em que o teatro se esvaia em sua estrutura narrativa, um dos estepes acoplados para sua modernização foi a linguagem que os bonequeiros utilizavam sem o conhecimento das estruturas formais do teatro da época. Os bonequeiros que a partir daí apareceram, para além dos improvisos e das frouxuras amadoras comuns ao teatro de bonecos do ocidente, truxeram, entre outras coucitas, para dentro da sua expressão figuras de linguagem, como a metáfora. E hoje, ainda, talvez pela proximidade com as artes visuais e até com a dança, é dificil encontrar um espetáculo de animação que não se ocupe de um enviesamento na sua narrativa.
Sigamos na aula. Rose citou a colagem com as falas da aula anterior que lhe saltaram aos ouvidos criativos, uma poesia. Ramon, coincidentemente (não que eu acredite nisso, mas isso existe), também juntou frases daquele encontro em uma espécie de hai kai.
O blog do dia foi o da Maira Tupinambá. Esse exercício é bom, pois nos permite ver a própria pessoa lendo algo que ela escreveu para ser lido. Saramago disse que as palavras só tem seu real significado quando ditas. Aqui se percebe isso.
O jogo foi uma lembrança mais antiga. Esta posta, seria reproduzida por seu autor. Outros atores, representando o núcleo familiar do autor, apenas reproduziam o "movimento do coração". Depois de um tempo o autor/ator saia para dar lugar a um substituto na ação, para observar de fora.
Desdobramentos: O autor escolhe os atores para serem a sua família. Muda-se o proponente (condutor). Experimentaram esta função o Rafael e o Lendro.
Bem, a experiência deste dia me levou a abrir uma página para postar parenteses das postagens do blog central. Talvez funcione para colocar coisas que tem uma relação direta com a postagem, mas que tiram o foco do assunto.